Longevidade, Aposentadoria e o Novo Ciclo da Vida
O desafio invisível da aposentadoria: Por que viver mais exige mais do que apenas dinheiro?
Nos últimos meses, mergulhei em um tema que parece estar cada vez mais presente nas conversas com amigos, clientes e colegas: a aposentadoria.
Mas não aquela aposentadoria dos nossos avós — cheia de finais previsíveis, passividade e tempo ocioso.
Falo de algo muito maior, mais profundo, mais desafiador: a nova longevidade.
Para entender esse novo cenário, comecei a reunir artigos, entrevistas, pesquisas e livros que tratam dessa transição.
Um deles me impactou de forma especial: “A Nova Longevidade: Reinventando a Aposentadoria”, de Ricardo Oliveira Neves.
Ele levanta um ponto que ressoa com tudo que venho ouvindo de clientes e vivendo em minha prática: estamos vivendo mais, mas ainda planejando como se fôssemos parar aos 65.
🚨 Spoiler: Ninguém está parando aos 65.
O paradoxo da longevidade
Vivemos mais — muito mais — do que nossos pais e avós.
Segundo a OMS, em países como o Japão e a Suíça, a expectativa de vida já ultrapassa os 84 anos. No Brasil, passamos dos 76, e subindo.
Mas o problema não é só viver mais — é viver bem, com propósito, conexão e independência.
A médica e pesquisadora Evelyne Bischof, uma das referências globais em longevidade, esteve recentemente no Brasil e reforçou: “As pessoas continuarão a viver mais”. Mas ela alerta que precisamos preparar nossas sociedades para isso — e principalmente nossas mentes e hábitos.
Vivemos uma nova era demográfica, mas ainda com velhas referências culturais sobre o que é “velhice”. Não à toa, como bem aponta Ricardo Neves, estamos vivendo “a primeira geração da história que precisa inventar a própria velhice”.
Aposentar para quê?
A palavra “aposentadoria” vem do latim appositus, que significa "colocar de lado".
Mas será que alguém quer ser colocado de lado hoje em dia? Difícil imaginar um empresário de 60 anos “parando”. O que vejo, cada vez mais, é uma vontade de reinvenção, não de pausa.
É aí que entra o conceito que mais me marcou no livro do Ricardo: A Aposentadoria como o quarto ciclo da vida.
Não é o fim. É um novo começo.
Só que ele exige preparo — financeiro, emocional, social, psicológico.
Um estudo recente da AARP nos EUA mostrou que 62% dos americanos com 50 anos ou mais não consultaram um profissional para planejar a aposentadoria. E por quê?
41% dizem preferir cuidar sozinhos;
35% alegam não ter economias suficientes;
30% afirmam não poder pagar por ajuda profissional.
Ou seja: estamos falando de uma geração que está prestes a entrar no ciclo mais longo e complexo da vida — sem mapa, sem guia e muitas vezes sem recursos.
A geração da transição
Esse movimento afeta especialmente a chamada Geração X — hoje entre 45 e 60 anos.
Nos EUA, uma família típica dessa geração tem apenas US$ 40 mil guardados para a aposentadoria.
No Brasil, os números não são muito diferentes. A maioria das pessoas que atendo nessa fase da vida ainda está profundamente envolvida com o trabalho, mas já pensa (com certo receio) no “e depois?”.
É uma geração que cresceu vendo seus pais se aposentarem cedo, mas que agora precisa trabalhar mais tempo, cuidar dos próprios pais idosos, ajudar filhos adultos, manter o padrão de vida e ainda planejar 30 anos a mais de vida.
É pressão por todos os lados — e sem manual de instrução.
Aposentadoria híbrida e ensaiada
Em outro artigo que li recentemente, da State Street Global Advisors, o conceito de “Retiree in Training” me chamou a atenção.
Em vez de parar abruptamente, o autor sugere uma transição gradual, ensaiada: viajar antes de se aposentar para ver se gosta, testar hobbies, começar a trabalhar menos, entender qual rotina te faz feliz.
A ideia é simples, mas poderosa: ensaiar a aposentadoria antes que ela chegue.
Como se fosse um plano de voo para uma nova fase.
Isso também tem efeito direto nas finanças: continuar trabalhando (mesmo que menos) ajuda a preservar o patrimônio, adiar retiradas e até aumentar o benefício da previdência.
Não é sobre parar. É sobre viver bem — e com propósito.
A pergunta que mais tenho feito para clientes nos últimos meses não é “quanto você tem guardado?”, mas sim:
“Como você quer viver os próximos 30 anos?”
Você quer trabalhar menos ou mudar de área?
Deseja viajar mais, estudar, empreender?
Precisa cuidar de alguém?
Já pensou onde quer morar?
Com quem quer conviver?
Como manter seu corpo e sua mente ativos?
Essas perguntas não têm respostas óbvias — e elas mudam conforme a vida acontece. Mas ignorá-las é um erro. Não dá pra planejar o futuro só olhando para o saldo da conta.
Vamos falar sobre isso?
Se você chegou até aqui, provavelmente conhece alguém (ou é esse alguém) que está nesse momento da vida: 50+, pensando na aposentadoria, mas sem saber por onde começar.
Alguém com dúvidas, medos, planos soltos e um desejo silencioso de viver bem — com segurança, liberdade e propósito.
Mande esse e-mail para essa pessoa. Ou melhor: me indique.
Quero conversar com quem está pensando a longevidade com seriedade e quer apoio para se preparar de verdade — com planejamento financeiro, mas também com inteligência emocional e visão de futuro.
Estamos só começando a entender o que a longevidade vai exigir de nós. Mas uma coisa é certa: dá para viver mais — e viver melhor. Desde que a gente se prepare para isso.
Se quiser conversar comigo sobre esse assunto, acesse pelo link : https://www.caccao.me/jansencosta
Caso prefira, é só responder a este e-mail.
Um abraço,
Jansen Costa
Muito boa a reflexão!
De fato muitos falam se preocupar com a aposentadoria mas não se planejam pra esse momento.